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Perspetivas e desafios da gestão do património cultural no concelho de Lagoa: uma reflexão sobre musealização
Ismael Estevens Medeiros

07 abril 2025, 15h30-17h00
Sala de atos (sala 2.37, edifício 1) FCHS, Universidade do Algarve 

Na última década, as comunidades de Lagoa têm vindo a refletir sobre a salvaguarda do património cultural, reconhecendo que deve ser conduzida de forma integrada, coesa e, sobretudo, participada. Encaram-na como uma prática coletiva e inclusiva, que envolve as pessoas para quem se “patrimonializa”.
A musealização no concelho de Lagoa apresenta-se como um desafio em que o património cultural deve ser parte das vivências comunitárias, uma visão que transcende o tradicional processo de conceção de um equipamento museológico, que trate os bens culturais como recursos vivos e em permanente diálogo com o território.
A criação de um museu exige mais do que um edifício e um acervo. Requer um modelo de gestão que assegure a sua viabilidade e sustentabilidade, que não se limite a assegurar o acesso ao espaço e o funcionamento das valências básicas, mas que adote estratégias que coloquem preponderância em quem nele se revê e dele usufrui.

Na mensagem oficial sobre o Dia Mundial do Teatro 2025, que se celebra anualmente desde 1962 no dia 27 de março, Theodoros TERZOPOULOS, encenador, pedagogo, autor, fundador e diretor artístico da Attis Theatre Company (Grécia), e inspirador das Olimpíadas de Teatro e Secretário-Geral do Comité Internacional das Olimpíadas de Teatro, lança um conjunto de questões sobre o papel do Teatro, em particular, e das Artes, em geral, às quais não podemos ficar indiferentes.

Na mensagem, feita a convite do Instituto Internacional de Teatro da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Theodoros TERZOPOULOS pergunta se “poderá o teatro ouvir o pedido de SOS que os nossos tempos estão a enviar, num mundo de cidadãos empobrecidos, fechados em células de realidade virtual, entrincheirados na sua privacidade sufocante? Num mundo de existências robotizadas dentro de um sistema totalitário de controle e repressão em todo o espectro da vida? Estará o teatro preocupado com a destruição ambiental, o aquecimento global, a perda maciça de biodiversidade, a poluição dos oceanos, o derretimento das calotas polares, o aumento dos incêndios florestais e os fenómenos meteorológicos extremos? Poderá o teatro tornar-se parte ativa do ecossistema?”

Consciente que o teatro acompanha o impacto humano no planeta há muitos anos, mas está com dificuldades em lidar com este problema, questiona-se igualmente se “estará preocupado com a condição humana tal como está a ser moldada no século XXI, em que o cidadão é manipulado por interesses políticos e económicos, redes de comunicação social e empresas fazedoras de opinião? Onde as redes sociais, por mais que a facilitem, são o grande álibi da comunicação, porque proporcionam a necessária distância segura do Outro?”

São estas algumas das questões sobre as quais somos convidados a refletir, quando a guerra de agressão à Ucrânia faz três anos, as entidades responsáveis pela promoção do Dia Mundial do Teatro dedicam ao seu povo, assim como a todos os povos martirizados do mundo, a leitura da Mensagem do Dia Mundial do Teatro 2025 dedicada ao tema “Uma Cultura de Paz”.

Tal como nos anos anteriores, a Divisão de Cultura da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento (CCDR) do Algarve participa na divulgação desta mensagem, convidando os nossos públicos e parceiros a ler, escutar e partilhar a mensagem nas iniciativas previstas para assinalar esta data.

 
Por ocasião desta data e em sintonia com o espírito da mensagem de 2025, a CCDR Algarve salienta a importância da arte e em particular do teatro, na educação e formação do individuo.

O teatro assume-se como uma poderosa ferramenta de autoconhecimento e de conhecimento do outro, de desenvolvimento do potencial de cada um, de contacto com outras aptidões e competências e que pode, através da arte, abordar os temas mais urgentes desta geração.

Com este enfoque, a CCDR Algarve destaca três estruturas não profissionais da região que possibilitam a presença da expressão dramática, desde a primeira infância, passando pela adolescência, até à idade adulta.

A associação cultural TIPO – Teatro Infantil de Portimão, foi fundada em 2007, com o objetivo de colmatar uma lacuna existente à data na região, a inexistência de uma associação/grupo de teatro, direcionada para as crianças e jovens, desde a primeira infância à adolescência. No decorrer da sua atividade, o TIPO criou dezenas de peças de teatro, participou em mostras e festivais e trabalhou em parceira com agrupamentos escolares e instituições de ensino pré-escolar. O TIPO programou igualmente eventos, com destaque para o FESTIPO - FESTIVAL DE TEATRO EDUCATIVO, um festival dedicado a apresentações teatrais realizadas por companhias locais e nacionais nas escolas e salas de teatro, “desenhado no sentido de promover a cultura teatral entre a juventude, mas também para semear as bases para um futuro mais inclusivo e culturalmente mais rico”.

A Associação “Os Barões” foi criada em 1992, na Nave do Barão, aldeia do barrocal algarvio, pertencente à freguesia de Salir (Loulé). A associação constitui-se como o ponto de encontro, convívio e animação cultural da aldeia. No âmbito da sua atividade, dinamiza o grupo de teatro infantojuvenil “Que Cena!”, sob orientação de Rui Penas e constituído por crianças e jovens entre os 8 e os 14 anos. Em 2024 o grupo encenou e apresentou a peça “Algarve em si” no âmbito da candidatura do Geoparque Algarvensis à UNESCO e elaborou o guião da peça “O Dia dos Prodígios”, a partir da obra de Lídia Jorge.

O SinCera TUA - Associação Teatral, grupo de teatro académico da Universidade do Algarve (UAlg), “constituído em 1990, este Grupo de Teatro foi a plataforma de lançamento de inúmeros projetos culturais de qualidade, bem como um agente formador com um papel de indiscutível interesse para a nossa região”. Inativo desde 2016, o teatro universitário reafirma-se na UAlg em 2022, com a realização de um curso de formação, em parceria com a Mákina de Cena e o Teatro das Figuras, e o SinCera retoma a sua atividade regular de formação e criação artística em 2023. Em 2024 cria o espetáculo-performance “A Casa Amarela”, com base no texto de Filipe Pereira e encenação de Carolina Santos, com assistência de Beatriz Medeiros.